"Não dependa de elogios. Não absorva críticas sem sentido. Você não se resume ao que falam ou pensam a seu respeito".
A mensagem, publicada em 31 de agosto no Instagram, dá uma amostra da forte personalidade de uma das poucas mulheres brasileiras que podem se dar ao luxo de ostentar sem medo jóias extremamente preciosas, cujos valores em termos de história de vida são inestimáveis: duas medalhas de ouro olímpicas, conquistadas em Pequim-2008 e em Londres-2012. A proprietária de semelhante tesouro e autora da mensagem, distribuída aos quase um milhão de seguidores, é a carioca Thaisa Daher de Menezes, a meio-de-rede Thaisa, de 36 anos, uma das feras do elenco do técnico José Roberto Guimarães no Pré-Olímpico do Japão, em Tóquio.
Foto: Divulgação FIVB
Com duas vagas carimbadas para as Olimpíadas de Paris-2024, o torneio classificatório japonês vai ter início no próximo sábado, dia 16, às 4h da manhã no horário de Brasília, quando as brasileiras terão logo de cara um clássico sul-americano, diante da Argentina. No último duelo, no Sul-Americano 2023, em Recife, deu Brasil: 3 a 0. No Pré-Olímpico, a seleção verde-amarela está no grupo B ao lado de Argentina, Peru, Bulgária, Porto Rico, Turquia, Bélgica e Japão. As equipes jogam todas contra todas, e as duas mais bem classificadas por pontos corridos, garantem um lugar nos Jogos de Paris.
Depois da conquista dos títulos das Olimpíadas de 2008 e 2012, e do quinto lugar na Rio-2016, Thaisa não disputou os Jogos de Tóquio-2020, em que Brasil ficou com a prata. Em abril de 2021, publicou uma carta se despedindo da equipe verde e amarela, com a qual se acostumou a fazer história.
Afinal, além dos ouros olímpicos, ela já coleciona, pela seleção, o pentacampeonato do Grand Prix, em 2008, 2009, 2013, 2014 e 2016; o ouro nos Jogos Pan-Americanos Guadalajara-2011, a prata no Pan Rio-2007 e a prata no Mundial de 2010. Em maio deste ano, ela anunciou o retorno à seleção brasileira. Já no mês passado, ajudou a equipe nacional na conquista do 23o título Sul-Americano, no Recife.
"A maior diferença entre essas duas Thaisas (a estreante na seleção e a de agora) é que hoje não tenho mais aquela ansiedade que a gente tem quando mais jovem. Consigo canalizar a energia para performar e ao mesmo tempo ficar em paz para fazer o que precisa ser feito com a mente tranquila”, afirma ela, demonstrando a mesma segurança da mensagem postada no Instagram citada na abertura do texto.
Para a meio-de-rede, foi muito positivo retornar à seleção em um torneio disputado no Brasil, ainda mais diante da calorosa torcida recifense: "Jogar no Brasil é diferente. Ao mesmo tempo que recebemos um carinho enorme da torcida, a pressão também é grande. A gente sempre quer fazer mais. É preciso não se deixar levar por essa pressão”.
Ao mesmo tempo em que se considera mais tranquila agora, a atleta admite que dentro de quadra é uma fera à solta, sempre em favor do Brasil:
“É mesmo contraditório. Ao mesmo tempo que sou brava e meio louca dentro de quadra, eu tenho muita paz dentro de mim durante os jogos. Fico tranquila, com muita estabilidade."
Do alto de seu 1,96m, com 22 de seus 36 anos dedicados à modalidade, desde que iniciou carreira no Tijuca Tênis Clube, em 2001, a bicampeã olímpica não deixa de cuidar da aparência e de manter a auto-estima. E, assim como é cirúrgica dentro de quadra, não teme os bisturis fora dela. Já passou por variados procedimentos estéticos com a mesma bravura com que enfrenta as adversárias. Há dez anos, foi uma rinoplastia, depois, colocou prótese de silicone nos seios. Com o auxílio de especialistas, deu uma erguida nas sobrancelhas e corrigiu os dentes. Em 2016, ano dos Jogos Olímpicos no Rio, aproveitou para fazer uma micropigmentação nos lábios para dar mais cor à boca e a impressão de que está permanentemente de batom. Como os resultados duram cerca de dois anos e os lábios vão clareando com o passar do tempo, já sabe que em breve terá de repetir o procedimento.
Não que isso seja uma problema para Thaísa. A jogadora nunca negou ser vaidosa e as conquistas dentro de quadra permitiram que pudesse correr atrás do seu ideal estético. Em 2020 usou as redes sociais para informar os seguidores que havia se submetido a uma harmonização facial, desmentindo os boatos de que teria feito um procedimento para diminuir a gordura das bochechas. Casada desde 2018 com o ex-jogador de basquete Rafael Mineiro, atualmente consultor de negócios e analista comportamental, Thaísa acaba de renovar o contrato com o Minas.
Ela e as levantadoras Naiane e Roberta; as opostas Kisy, Rosamaria e Tainara; as ponteiras Gabi, Julia Bergmann, Maiara Basso e Pri Daroit; as meio de rede (ou centrais) Carol, Diana e Lorena; e as líberos Natinha e Nyeme já estão no Japão para o Pré-Olímpico e, sob o comando de Zé Roberto Guimarães, miram a longo prazo o torneio olímpico, que será disputado entre 27 de julho e 11 de agosto, na South Paris Arena, com capacidade para 12 mil pessoas.
Além da França, como país-sede, e dos seis classificados nos três Pré-Olímpicos, cinco vagas para Paris 2024 serão distribuídas de acordo com o ranking da Federação Internacional de Vôlei (FIVB), com prioridade para países de continentes que ainda não tiverem representantes classificados.
Os três Pré-Olímpicos internacionais serão realizados de 16 a 24 deste mês. Além da chave no Japão, também haverá disputas na China e na Polônia. No Grupo A, em Ningbo, China, estarão: China, Sérvia, República Dominicana, Holanda, Canadá, República Tcheca, Ucrânia e México. Na Chave C, na cidade polonesa de Lódz, estão inscritos: Polônia, Itália, Estados Unidos, Alemanha, Tailândia, Colômbia, Coreia do Sul e Eslovênia.
Pré-Olímpico Feminino de Vôlei:
16/9 (sábado) – Brasil x Argentina às 4h (horário de Brasília)
17/9 (domingo) – Brasil x Peru às 4h (horário de Brasília)
19/9 (terça-feira) – Brasil x Bulgária às 4h (horário de Brasília)
20/9 (quarta-feira) – Brasil x Porto Rico às 4h (horário de Brasília)
22/9 (sexta-feira) – Brasil x Turquia às 4h (horário de Brasília)
23/9 (sábado) – Brasil x Bélgica às 4h (horário de Brasília)
24/9 (domingo) – Brasil x Japão às 7h25 (horário de Brasília)
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