O Pan-Americano de Santiago foi "bárbaro" para o Brasil. Ou melhor, foram os Jogos de Bárbara. Com cinco medalhas, três de ouro e duas de prata, a atleta da ginástica rítmica Bárbara Domingos foi a recordista de pódios da delegação verde-amarela no megaevento encerrado no último domingo, na capital chilena. E não apenas isso. Este foi o Pan das mulheres brasileiras, que superaram os homens no número de conquistas, na edição em que o Brasil obteve seu recorde de medalhas no maior festival esportivo das Américas. Das 205 medalhas, 95 foram de mulheres, 92 dos homens e 18 de equipes mistas.
Bárbara Domingos com uma das duas meldalhas de prata conquistada
Foto: Ricardo Bufolin/CBG
Nos Jogos Pan-Americanos, o Brasil colecionou 205 pódios, sendo 66 ouros, 73 pratas e 66 bronzes, que garantiram a segunda colocação no quadro geral de medalhas, atrás apenas da equipe hors concours dos Estados Unidos. Nunca uma delegação brasileira tinha subido tantas vezes ao pódio e obtido tantas medalhas de ouro numa edição do megaevento. Dos 66 ouros, 33 foram no feminino, 29 no masculino e quatro em modalidades mistas.
Três mulheres obtiveram cinco medalhas. Além de Bárbara, brilharam intensamente Stephanie Balduccini (natação), com uma de ouro, três de prata e uma de bronze; e Flávia Saraiva (ginástica artística), com quatro de prata e uma de bronze. No masculino, destaques para os nadadores Guilherme Costa, com quatro de ouro, e Guilherme Caribé, com três de ouro e uma de prata.
“Eu soube que sou a maior medalhista do Brasil nos Jogos. É muito gratificante saber que em tantos esportes eu fui a que sai com mais medalhas. Fico muito feliz e realizada porque isso é fruto de muito trabalho feito em conjunto com a minha equipe técnica”, enfatizou Bárbara Domingos.
Em Santiago, a curitibana de 23 anos colheu o ouro no individual geral - somatório das notas de arco, bolas, fita e maça -, além das provas de dois aparelhos, a bola e a fita. Na mesma competição, ela ficou com a prata no arco e nas maças:
“Nem sei o que dizer, é muito gratificante poder sair com as cinco medalhas. Esse era o objetivo, e conseguimos cumprir”.
Para a treinadora da ginasta, Márcia Naves, os resultados só mostram a evolução de Bárbara no último ano:
“Tudo foi uma construção. Este ano tem sido um ano ímpar nas nossas vidas, porque ela fez história. A Babi conquistou a primeira medalha em Copas do Mundo, foi a primeira a ficar em 11º no individual geral em Campeonatos Mundiais, única brasileira a garantir vaga olímpica em Mundiais, isso tudo é incrível. Há quatro anos atrás, a Babi ganhou uma prata no Pan, então aumentamos a expectativa para Santiago. E ela cumpriu, com 3 ouros e 2 pratas”.
O desempenho da parcela feminina da delegação verde-amarela motivou elogios de Ney Wilson, diretor de Esportes do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e subchefe de missão em Santiago. Segundo ele, tal evolução feminina é fruto de um trabalho diferenciado para homens e mulheres, com espaço para ser ampliado.
“As mulheres têm feito a diferença em nosso resultado final. Muitas modalidades estão entendendo a importância do trabalho específico e diferenciado entre homens e mulheres", explicou o dirigente, antes de prosseguir:
"Hoje em dia boa parte das confederações estão trabalhando nesse sentido e isso está fazendo uma grande diferença. A gente entende que algumas modalidades não estão tão avançadas no trabalho com o feminino, o que acaba possibilitando uma evolução mais rápida”.
Nada nisso, obviamente, é fruto do acaso. Desde o ano passado, o COB mantém uma área específica para o desenvolvimento do esporte feminino, chamada Mulher no Esporte. A iniciativa já resultou em diversos projetos importantes de valorização e fortalecimento das mulheres, como a Comissão da Mulher no Esporte, o Fórum da Mulher no Esporte, o Canal tira-dúvidas de Saúde da Mulher, entre outros, em busca de contribuir para o bem-estar e o desenvolvimento de atletas e colaboradoras.
"A área da mulher no Esporte, além de trabalhar em políticas para o fortalecimento da mulher em todos os âmbitos, conta com um investimento dedicado a projetos esportivos, que é o Programa de Desenvolvimento do Esporte Feminino (PDEF)", encerrou Kenji Saito, subchefe de missão e diretor de Juventude e Ciências do Esporte do COB.
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