Por Ricardo Moura
Em março de 1980, o presidente Jimmy Carter anunciou o boicote dos Estados Unidos aos Jogos Olímpicos em Moscou, devido à invasão soviética do Afeganistão. O boicote foi acompanhado por outras medidas, entre elas um embargo de grãos. Grã-Bretanha e Austrália apoiaram inicialmente, mas participaram. Em retaliação, a União Soviética boicotou os Jogos de Los Angeles em 1984. Treze nações comunistas seguiram o exemplo, recusando-se a participar dos jogos. As nações que boicotaram organizaram um evento paralelo, os Jogos da Amizade, no verão de 1984 (2 de julho e 16 de setembro de 1984 na União Soviética e em oito outros estados socialistas).
Os boicotes não atingiram seus objetivos políticos, serviram somente para alimentar o ego dos dirigentes, o Comitê Olímpico Internacional assistiu passivo e quem perdeu foram os atletas que não puderam atingir a glória de serem campeões olímpicos. Quatro anos de treinamento jogados fora.
Em meio à guerra em curso na Ucrânia, o COI anunciou em dezembro que os atletas russos e bielorrussos só seriam elegíveis para competir como atletas individuais neutros nos Jogos de Paris deste ano. Espera-se um contingente de 40 atletas russos em Paris.
O presidente russo Vladimir Putin repete a história, informando que realizará os Jogos da Amizade da Rússia, criticados pelo COI, como sendo “de motivação puramente política” e uma violação da Carta Olímpica.
Todos os boicotes anteriores não foram de motivação política e violação à Carta Olímpica? Quais as punições?
Putin tem demonstrado, seguidas vezes, não se incomodar com bloqueios, restrições, cortes, admoestações, ameaças e nem qualquer coisa do gênero. O COI, responsável pela gestão do esporte no mundo, demonstra não ter força nem competência para impedir coisa alguma, “joga para a torcida”, fala em jogada política, esquece a história e os últimos fatos e enfraquece.
Enquanto isso cresce a força política dos países asiáticos (que têm realizado um grande número de eventos internacionais) e da própria Russia para o domínio político do COI. Situação perigosa para o esporte mundial.
É hora de Thomas Bach, presidente do COI, agir de forma mais enérgica. Ou, não fazer nada.
Declarações vagas são um boicote à inteligência.
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