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Expectativa de público recorde para ver a bola rolar na Copa do Mundo Feminina de Futebol

A bola rola onde quer. Voa e quica. Vai aonde vai, quase como se tivesse vontade própria. Retrato em miniatura do próprio planeta, esse corpo esférico parece mesmo capaz de cancelar fronteiras e derrubar preconceitos, como deverá fazer a partir das 4h da madrugada desta quinta-feira (horário de Brasília), quando Nova Zelândia e Noruega vão se enfrentar em Auckland, na Nova Zelândia, na abertura da nona Copa do Mundo Feminina de Futebol da Fifa, organizada por Austrália e Nova Zelândia. Desde já, tal edição do Mundial é histórica, por reunir pela primeira vez 32 seleções. Mas também pela expectativa de público televisivo calculada pela Fifa, de 1,5 bilhão a 2 bilhões de pessoas, a quarta parte da população mundial.

Caso se confirmem tais números relativos ao público, isto irá representar um aumento de quase 80% em relação ao Mundial de 2019, na França, de acordo com dados do site Statista. Especializado em estatísticas, este site calculou que há quatro anos 1,12 bilhão de torcedores tenham assistido às partidas do megaevento. Esta é também a primeira vez em que uma Copa é organizada por dois países – Austrália e Nova Zelândia – e num continente, a Oceania, que é uma espécie de última fronteira a ser conquistada pela Fifa.

A entidade universal do futebol divulgou que 1 milhão de ingressos já foram vendidos. O recorde neste quesito se verificou na edição do Canadá, em 2015, quando 1,35 milhão de bilhetes foram negociados. A Fifa pagará US$ 150 milhões (R$ 722 milhões), o triplo da premiação de 2019. Cada uma das 736 atletas vai receber pelo menos US$ 30 mil (R$ 144 mil). A Copa terá início nesta quinta, dia 20, prosseguindo até 20 de agosto, um domingo.

Participante de todas as edições, desde a primeira, em 1991, e vice-campeã em 2007, a seleção brasileira terá pela última vez em campo em Mundiais o talento de Marta, eleita por seis vezes a melhor jogadora do mundo. A estreia brasileira será no dia 24 de julho, segunda-feira, a partir das 8h. Seu segundo confronto será no dia 29, às 7h, contra a França, e o terceiro, a 2 de agosto, às 7h, contra a Jamaica. Tudo isso valendo pelo Grupo F.

No Brasil, provavelmente nunca houve tanta expectativa quanto a um grande resultado da Amarelinha feminina, principalmente pelo trabalho da treinadora sueca Pia Sundhage, de 63 anos, bicampeã olímpica em Pequim-2008 e Londres-2012 e vice no Mundial de 2011, tudo isso pelos EUA. No que diz respeito ao elenco, além de Marta, que talvez não inicie todas as partidas como titular, a seleção contará com a artilheira Debinha, as atacantes Bia Zaneratto e Geyse, a zagueira Rafaelle e a lateral Tamires. Além disso, a CBF provavelmente jamais cuidou tão bem de preparar uma equipe nacional feminina, o que poderá se refletir dentro de campo.

Fora dele, o governo federal já anunciou a adoção de ponto facultativo para o funcionalismo público em dias de partidas da seleção brasileira, medida empregada quando do Mundial masculino. Para isso, deve contribuir também o interesse de TVs, da Internet, da mídia e de marcas brasileiras. Em TV aberta, a Rede Globo preparou um amplo esquema de cobertura e o canal de YouTube CazeTV – parceira entre a LiveMode e o influenciador Casimiro Miguel, o Casimiro – irá transmitir todos os 64 jogos do torneio como parte de uma programação de 250 horas, que inclui também programas especiais e entrevistas. O Brasil é o segundo país do mundo em interesse no futebol feminino, com 100 milhões de buscas no Google ao longo deste ano de 2023, o quádruplo em relação a igual período em 2019.

No que diz respeito ao marketing, dezenas de marcas relevantes no país irão patrocinar as transmissões da Rede Globo (maior rede de TV do país) e da CazeTV (canal do YouTube, com 8,35 milhões de inscritos), incluindo bancos, refrigerantes, farmacêuticas, desodorantes, aplicativos para entrega de comida, entre outros. Pesquisas dão conta de que 88% das pessoas têm interesse em futebol feminino, se tiverem onde assisti-lo. Trata-se, portanto, de um filão a ser explorado, uma espécie de nova fronteira a ser conquistada pelo esporte da bola impulsionada com os pés. Afinal, a bola rola onde quer. Voa e quica. Vai aonde vai, quase como se tivesse vontade própria.

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