O sucesso da delegação brasileira nos recém-encerrados Jogos Paralímpicos de Paris, em que o Brasil terminou pela primeira vez em quinto lugar no quadro de medalhas, com 25 ouros, 26 pratas, 38 bronzes e 89 ao todo, tornou-se um marco histórico para o movimento paralímpico verde e amarelo. Segundo o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Mizael Conrado, bicampeão paralímpico como jogador de futebol de cegos (Atenas 2004 e Pequim 2008), o resultado veio graças ao planejamento estratégico traçado há sete anos.
“Em cada brasileiro, hoje, pulsa um coração paralímpico. Então, eu quero agradecer demais o empenho, os jogos foram extensos. Resultados tão extraordinários proporcionados pelos nossos atletas aqui. O resultado dos Jogos Paralímpicos foi excepcional, mas não dá para falar sobre esse resultado sem voltar a 2017, quando a gente elaborou o nosso plano estratégico e que foi uma bússola ao longo dos últimos oito anos, foi ele quem nos guiou até aqui ", enfatizou o dirigente.
Paris representou uma chuva de recordes para a delegação verde e amarela, que fechou sua participação com 89 medalhas, sendo 25 ouros, 26 pratas e 38 bronzes, obtendo pela primeira vez o quinto lugar no quadro de medalhas. Outra importante marca estabelecida pelos brasileiros foi a de 25 primeiros lugares, três a mais que os 22 de Tóquio-2020. Na capital francesa, o número de ouros do Brasil ficou atrás de China (94), Reino Unido (49), Estados Unidos (36) e Holanda (27). Além disso, no total de pódios, só superaram os 89 do Brasil: China (220), Grã-Bretanha (124) e Estados Unidos (105). Quarta no quadro, com 27 ouros, a Holanda, porém, somou 56 premiações no total.
Tayana Medeiros, exibe um dos últimos ouros conquistados em Paris-2024
Foto: Ana Patrícia/CPB
As 89 medalhas em uma única edição foram um recorde, 17 a mais em relação às 72 obtidas na Rio-2016 e em Tóquio-2020. Em Paris, o Brasil alcançou a medalha 400 e terminou com 462, sendo 134 ouros, 158 pratas e 170 bronzes. O atletismo bateu a marca de 200 medalhas na história, e a natação, 150 pódios.
Mais uma marca alcançada pelos brasileiros foi a de pódios em um dia, o sábado, 7 de setembro, data da Independência do Brasil e penúltimo dia dos Jogos, quando a delegação colecionou 16 medalhas: seis de ouro, três de prata e sete de bronze.
O próprio tamanho da delegação representou um feito histórico, com 280 atletas, a maior numa missão paralímpica no exterior. Antes, o recorde era de 259 convocados em Tóquio 2020. Quando foi sede do megaevento, na Rio-2016, o Brasil teve 278 atletas.
“O Brasil me deu muito orgulho aqui em Paris. Uma campanha com 89 medalhas, 25 de ouro, 26 de prata e 38 de bronze. Uma campanha que poderia ter sido ainda melhor. Basta a gente lembrar que perdemos duas provas por dois centésimos. Eu não consigo nem ter ideia de quanto é dois centésimos. Então, é realmente uma campanha irretocável, maior quantidade de medalhas no total, maior de ouro, número total de medalhas, de 72 para 89, nossa meta era de 75 a 90”, calculou Conrado, presidente do CPB.
No que diz respeito à participação feminina, em 2024, foram 117 mulheres, ou 45,88% do total dos competidores, outro dado histórico. As mulheres foram também muito efetivas na competição, com 43 medalhas, sendo 13 de ouro, 12 de prata e 18 de bronze, quarto melhor grupamento feminino no quadro de medalhas, atrás de China, Reino Unido e Estados Unidos. Vale observar que dos 25 ouros verde e amarelos, 13 foram femininos. No que diz respeito aos recordes mundiais, o Brasil bateu seis, sendo cinco no atletismo e um na natação. O país também quebrou oito recordes paralímpicos, sendo três no atletismo, um na canoagem, dois no halterofilismo e dois na natação.
O destaque feminino foi a nadadora pernambucana Carol Santiago, que venceu três provas e se tornou a brasileira com mais ouros: seis, superando as quatro da velocista Ádria dos Santos. No masculino, o nadador mineiro Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, levou três primeiros lugares e se tornou bicampeão paralímpico em duas provas. Agora, tem cinco ouros paralímpicos na carreira.
Outro ponto relevante foi o fato de que o esporte paralímpico brasileiro se tornou mais diversificado, tendo obtido medalhas em três modalidades em que nunca havia alcançado pódios: badminton, tiro esportivo e triatlo.
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