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Enquanto aguardam as boas ondas de Teahupoo, surfistas se mobilizam para ajudar vítimas de incêndios

Os incêndios florestais que devastaram a ilha de Maui, no Havaí, e deixaram um rastro de destruição e perto de 100 mortes também atingiram em cheio a comunidade do surfe. Domicílio de alguns dos mais destacados surfistas da atualidade e destino frequente de amantes do esporte de todo o mundo, Maui sofre os efeitos do pior desastre natural de sua história. Vários bairros foram destruídos pelo fogo na localidade da Lahaina, no lado oeste da ilha. Os incêndios foram o resultado de uma combinação de ventos fortes, ar seco e vegetação extremamente ressecada. Os surfistas Pedro Robalinho e Yuri Soledade, que moram há anos na ilha havaiana, perderam casa, carros, pranchas e negócios. Entrevistado pelo site UOL, Robalinho disse:

“Consegui só pegar minha mochila com um ipad novo, meu celular, documentos e um pouco de dinheiro…Poucas coisas. Não deu muito tempo. A gente jogou o que deu no carro e saímos fora. E já estava muito trânsito pra sair dali. Me passou até o Titanic na cabeça. Não adianta querer voltar para buscar alguma coisa e adiar a sua fuga, e até acontecer uma desgraça. Nessa hora você nem pensa. Só quer sair dali e salvar a sua família”.

Antes de embarcar para décima etapa do Circuito Mundial da World Surf League (WSL), que começou na última sexta-feira (9), o surfista Kelly Slater foi entrevistado pelo site de entretenimento norte-americano Thirty-mile zone, e contou que fica com vontade de chorar diante da situação toda, que classificou como apocalíptica.

“Estou em choque e nem sou da área. Mas eu tenho muitos amigos que vivem lá. Tenho dois amigos em especial que tiveram que correr para salvar suas vidas. Um amigo perdeu tudo o que tinha. Conseguiu salvar o seu cão e uma mochila. Só isso”, contou o surfista, dono de 11 títulos mundiais.

Slater também acrescentou que acredita que as notícias não estão dando a correta dimensão da catástrofe e que toda a comunidade do surfe está ajudando, enviando suprimentos e fazendo doações em dinheiro.

Mesmo com o pensamento em Maui, as atenções de Slater e dos outros surfistas que participam do circuito mundial estão agora centradas em Teahupoo, que está sendo um treino de luxo para Paris 2024, já que as etapas olímpicas serão disputadas na ilha do Taiti, que é parte do arquipélago da Polinésia Francesa, território ultramarino da França no Oceano Pacífico.

Em 2014, Kelly Slater e John John Florence se enfrentaram em uma semifinal épica nessa etapa do Taiti, considerada uma das melhores baterias de todos os tempos. Com a maior nota da bateria, Slater acabou eliminando o havaiano, apesar do empate por 19.77. No entanto, diferentemente de agora, as ondas na época eram perfeitas, com 3 a 4 metros.

No último final de semana e nesta segunda (14), as baterias tiveram que ser canceladas devido às condições climáticas, que não contribuíram para as melhores ondas. Mas, assim que elas estiverem mais consistentes a competição será retomada para disputa das baterias da repescagem masculina e das quartas de final feminina. João Chianca e Caio Ibelli representam o Brasil. Slater disputa a quinta bateria com o australiano Ryan Callinan.

Gabriel Medina, Yago Dora e Felipe Toledo, já garantido em Paris 2024, se classificaram para as oitavas de final.

A surfista Tatiana Weston-Webb, única brasileira na elite do surfe mundial e pré-classificada para os Jogos Olímpicos, garantiu a classificação para as quartas de Teahupoo. No entanto, como a americana Caitlin Simmers venceu a primeira rodada, acabou tirando a chance de Tati de participar da etapa decisiva do Mundial, em setembro.

Tati Weston-Webb em treino de luxo para Paris 2024

Foto: WSL/Damien Poullenot

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