Não é que já não fosse esperado. Quando embarcou para o Mundial de Natação Paralímpica, que começou a ser disputado nesta segunda-feira (31) em Manchester, na Inglaterra, a torcida brasileira já imaginava que uma pernambucana arretada traria medalhas para o Brasil. E não deu outra. A nadadora Carol Santiago, dona de cinco medalhas em Tóquio- 2020; três ouros, uma prata e um bronze, subiu mais uma vez ao alto do pódio. Só que ao invés do bronze nos 100 metros costas da última paralimpíada, a atleta, que completa 38 anos na próxima quarta-feira, se presenteou por antecipação com o ouro. Com a conquista, o Brasil ganhou de presente o 99 º ouro em Mundiais.
Carol Santiago é uma das cinco atletas da delegação brasileira com deficiência visual. Ela tem síndrome de Morning Glory, uma condição que atinge o nervo óptico e causa um comprometimento parcial da visão. A nadadora, que dedicou a vitória ao irmão mais novo, Gabriel Santiago, procurou conter a euforia já que até o fim do Mundial, no dia 6 de agosto, disputa ainda sete provas no Manchester Aquatics Centre.
Carol Santiago e a medalha de ouro na estreia no Mundial Paralímpico
Foto: Alê Cabral/CBP
Os outros 23 nadadores da delegação têm outros tipos de comprometimentos, físico-motores ou intelectuais. Ao todo 15 mulheres e 14 homens disputam o Mundial pelo Brasil, o que reforça a intenção da CBP de manter um equilíbrio de gênero em competições oficiais. Antes de Carol, a nadadora potiguar Cecília Araújo, que teve paralisia cerebral no nascimento, se destacou nos 400m livre da classe S8 e conquistou o bronze, ao completar a prova em 5min0s94.
Foi a primeira medalha brasileira geral no evento, que ainda reservava outras vitórias com a equipe masculina.
Ao completar os 50m livre em 31s58, o atleta Samuel de Oliveira, de 17 anos, conquistou o bronze e, mesmo sem os dois braços, bateu o recorde das Américas da classe S5, superando a marca de Daniel Dias que, em 2019, nadou a prova em 31s83. O paulista também comemorou a vitória sobre o chinês Lichao Wang que, com quatro medalhas em Tóquio, era o favorito da prova.
Nos 100m costas da classe S12, o carioca Douglas Matera fisgou mais um bronze para o quadro medalhas do Brasil. Com uma perda gradual da visão devido a uma mutação genética hereditária, Matera teve que superar uma outra dificuldade nesse primeiro dia do Mundial, a saudade da filha pequena.
Coube a um conterrâneo de Carol Santiago, Phelipe Rodrigues, subir ao pódio pela última vez no dia, aumentando o número de medalhas de Pernambuco em Mundiais para 18.
Nesta terça-feira já tem eliminatória a partir das 5h06 (horário de Brasília). Todas as provas do Mundial, que conta com a participação de 538 atletas de 67 países, estão sendo transmitidas pelo YouTube do Comitê Paralímpico Internacional.
Comments