Mesatenista rompe barreiras e vai ser a primeira brasileira a disputar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos
Uma conquista para a história. Num feito até então inédito no esporte verde e amarelo, a mesatenista catarinense Bruna Alexandre, de 29 anos, será em Paris-2024 a primeira atleta do Brasil, entre homens e mulheres, a ter participado de uma edição dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos no mesmo ciclo.
"Estou muito feliz por esta oportunidade de representar todos os brasileiros com deficiência nos Jogos Olímpicos e mostrar que posso jogar de igual para igual com qualquer atleta. Tenho o sonho de ser campeã paralímpica e jogar contra atletas sem deficiência me fortalece em busca deste objetivo”, enfatizou Bruna, que, aos 6 meses de vida, teve o braço direito amputado por consequência de uma trombose, provocada por uma injeção mal aplicada.
A confirmação das presenças em ambos os megaeventos chegou no último dia 4 de junho, quando a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) divulgou a convocação oficial da atleta para os Jogos Olímpicos, de 26 de julho a 11 de agosto. Anteriormente, Bruna já havia carimbado o passaporte para os Jogos Paralímpicos no último dia 5 de abril. Graças à colocação no ranking mundial, sua vaga nos Jogos Paralímpicos, de 28 de agosto a 8 de setembro, foi confirmada pela Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF). Atualmente, ela ocupa o 3º lugar na classe 10 (para andantes).
“Agradeço à Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) e ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) por todo o apoio que me deram, desde que saí de Criciúma, em Santa Catarina, aos 16 anos”, ressaltou a mesatenista.
Bruna é uma atleta de alta categoria no esporte paralímpico. Afinal, foi campeã nas duplas mistas no Mundial Paralímpico de Granada, Espanha, em 2022, e coleciona quatro medalhas em Jogos Paralímpicos, sendo dois bronzes por equipes (Rio-2016 e Tóquio-2020), além de um bronze (Rio-2016) e uma prata (Tóquio- 2020) individuais.
Foto: Instagram @bruninha_alexandre
Embora vá disputar os Jogos Olímpicos pela primeira vez, a prática de jogar tênis de mesa convencional não é uma novidade para a catarinense. Na modalidade desde os 7 anos de idade, a mesatenista também acumula conquistas em competições com atletas sem deficiência. Bicampeã nacional, a atleta também foi vice-campeã, por equipes, no Campeonato Pan-Americano específico de tênis de mesa, em Havana, em Cuba, no ano passado.
Também em 2023, defendeu o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, no Chile. Lá, conquistou a medalha de bronze, novamente por equipes. Aquela brilhante temporada lhe valeu a eleição como atleta feminina no Prêmio Paralímpicos, evento organizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro e que, a cada ano, reconhece os principais destaques do paradesporto.
Bruna será a primeira brasileira a disputar Olimpíadas e Paralimpíadas num mesmo ciclo. Entretanto, nas décadas de 1970 e 1980, o timoneiro Nilton da Silva Alonço, conhecido como Gauchinho, disputou Jogos Olímpicos e Paralímpicos no remo. Naquele período, o remador participou das edições olímpicas de Montreal-1976, Los Angeles-1984 e Seul-1988. Vinte anos mais tarde, em Pequim-2008, compôs o barco quatro com timoneiro da delegação paralímpica brasileira. Atleta do Flamengo por 42 anos, Gauchinho morreu em novembro do ano passado.
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